17 abril 2018

Filosofia Oriental

"Para admitir uma realidade além dos fenômenos objetivos, necessita o ocidental de um grande esforço de vontade que o leve às alturas da fé." (Huberto Rohden)

Para entendermos a filosofia oriental, temos que nos debruçar sobre o sentido amplo e o sentido restrito do termo. No sentido amplo, diz-se do "pensamento" (e não propriamente da filosofia), antigo e moderno, de todos os países do Oriente. Ou seja, do pensamento elaborado nas regiões da Ásia Menor, da Síria, da Fenícia, da Índia, da China e do Japão. No sentido restrito, há que se direcionar o estudo para as culturas específicas: Índia, China e Japão.

Para uma boa compreensão da filosofia oriental, pensemos no tipo de saber que esses países buscam. Para eles, o que realmente interessa é resolver o problema da salvação. Os saberes culto e técnico existem em função deste principal. Na Índia, entende-se a salvação como a integração do indivíduo em um todo cósmico; na China, em um todo social. O intelectualismo da filosofia ocidental existe, mas é reduzido ao mínimo dentro da filosofia oriental.

Qual seria a diferença entre a filosofia indiana e a filosofia chinesa? A filosofia chinesa tem um propósito prático-ética e prático-social; a filosofia indiana, a especulação das ideias. Qual o elemento comum? É o "sábio" (não o raciocinador, o intelectualista, o filósofo stricto sensu). Baseando nesse elemento comum, qual a relação com a filosofia ocidental? A filosofia ocidental trabalha com a razão raciocinante, no afã da objetividade; a filosofia oriental, por seu turno, procura reintegrar-se naquilo que chama de Realidade verdadeira.

Há discussões acerca de haver ou não uma relação entre a filosofia oriental e a filosofia ocidental. Alguns acham que a presumida falta de relação entre elas é devido ao ponto de vista de cada filosofia, pois os orientais fundamentam as suas teses na tradição religiosa, na concepção de mundo, nos problemas de comportamento social; não na pura razão teórica da Grécia antiga. Contudo, alguns pensadores (Schopenhauer, por exemplo) acham que somente a filosofia oriental pode ser considerada a verdadeira filosofia.

Huberto Rohden, em O Espírito da Filosofia Oriental, enfatiza o caráter predominantemente intuitivo, sobretudo na Índia, em oposição à lucubração intelectiva da filosofia ocidental. Nesse sentido, para compreender a filosofia oriental, o homem ocidental deve mudar o seu foco de atenção e ver pelo lado do oriental. O ocidental identifica a Realidade com os fatos. Para os orientais, os fatos são apenas reflexos secundários desta. Esta é a questão de fundo de toda a comparação entre a filosofia ocidental e a filosofia oriental.

Fonte de Consulta

MORA, J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004.





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