Estamos perdidos
onde a mente não pode nos encontrar, profundamente perdidos." (Ikkyu,
monge zen-budista e poeta)
O termo koan refere-se
aos ensinamentos usados por mestres zen para ajudar a despertar seus
discípulos. É a ideia de que o estudo do paradoxal pode levar o aluno à
iluminação. Segundo O Dicionário Eletrônico Houaiss de Língua
Portuguesa, o koan é uma sentença ou pergunta de caráter
enigmático e paradoxal, usado em práticas monacais de meditação com o objetivo
de dissolver o raciocínio lógico e conceitual, conduzindo o praticante a uma
súbita Iluminação intuitiva.
As questões intrigantes, como por
exemplo "qual o som de uma mão batendo palma?", servem como objeto de
meditação. Um koan é criado para expor as falhas de um método
discursivo de argumentação, levando os alunos a um novo sistema mental que se
aproxima da iluminação. De acordo com Hakuin, o objetivo de um koan é
despertar uma "grande dúvida" num aluno sobre o paradigma que ele usa
para interpretar o mundo. Pode-se dizer que é um tipo de metacognição, já que
leva alguém a refletir como pensa e vivencia o mundo. (1)
Alguns Koans:
1) Mal comeces a pensar se 'tem'
ou 'não tem' és um homem morto.
2) Batendo duas mãos uma na outra
temos um som. Qual é o som de uma única mão?
3) Quem pensa que entendeu se questiona. / Quem pensa que não entendeu questiona os outros. / Quem entendeu não diz nada. / E quem não entendeu também não diz nada!
4)
Qual é o som do silêncio?
5)
Não use o arco e flecha de outrem. / Não cavalgue o cavalo de outra pessoa. / Não discuta as falhas de outro. / Não se meta nos negócios de uma outra pessoa.
6)
Um cão tem uma natureza de Buddha? Se você disser que sim, eu vou bater em
você. Se você disser não, eu vou bater em você. Vá e descubra a resposta. E,
qualquer que seja a sua resposta, eu vou bater em você!
7)
Nan-In, um Mestre japonês durante a Era Meiji,1 recebeu um professor universitário,
que veio lhe inquirir sobre Zen. Este iniciou um longo discurso intelectual
sobre suas dúvidas.
Nan-In,
enquanto isso, servia o chá. Ele encheu completamente a xícara de seu
visitante, e continuou a enchê-la, derramando chá pela borda.
O
professor, vendo o excesso se derramando, não pode mais se conter e disse
— Está muito cheia! Não cabe mais
chá!
Então,
o Mestre Nan-in disse: — Como esta xícara, você está cheio de suas próprias
opiniões e especulações. Como eu posso lhe demonstrar o Zen sem que você
primeiro esvazie a sua xícara?
8)
O amanhã não é real. É uma ilusão. A única realidade é o agora. O verdadeiro
sofrimento é viver ignorando este 'Dharma'.
9)
O pensamento lógico não pode ser usado para obter a Compreensão; apenas com a
sensibilidade da não-mente alcança-se a Verdade.
10)
Não é o mesmo nome, o mesmo espírito e o mesmo corpo que nascem depois da
morte. Este nome, este espírito e este corpo criam a ação. Pela ação ou Karma,
nascem outro nome, outro espírito e outro corpo.
Koan
Vegetariano
O Católico: — Você é vegetariano
O Ateu: — Sim;
sou
O Católico: —
Como você sabe, eu sou católico. Na Bíblia, não há qualquer passagem que
recomende o vegetarianismo. O próprio Jesus comia peixe
O Ateu: — Comia?
Tem certeza? Bem, cada um come o que quer. Mas, quem sou eu para julgar Jesus!
Jesus é Jesus; eu sou eu. E nós dois somos um. (2)
(1) ARP, Robert (Editor). 1001 Ideias que Mudaram a Nossa Forma de Pensar. Tradução Andre Fiker, Ivo Korytowski, Bruno Alexander, Paulo Polzonoff Jr e Pedro Jorgensen. Rio de Janeiro: Sextante, 2014.
(2) http://paxprofundis.org/livros/koan/koan.htm
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