Galileu Galilei (1564-1641) estudou
medicina e matemática. Em certa altura de sua vida, premido por necessidades
financeiras, pois era professor de matemática de meia-idade e precisava
melhorar de status e de finanças, interessou-se pelos rumores do novo invento,
o "óculo espião". A invenção do telescópio foi a oportunidade de
impressionar um novo mecenas entre as famílias ricas da Itália do século XVII.
Não tinha ideia do alcance dessa descoberta para a ciência do cosmo.
O progresso é uma lei natural, ou seja, quer queiramos quer não, ele
segue o seu rumo. Podemos, pela nossa ignorância, dificultar o seu curso, mas
jamais poderemos detê-lo. Na ciência, formulam-se hipóteses; depois, pelo
método teórico-experimental, essas hipóteses são testadas para verificar a sua
veracidade. O telescópio, que diminui a distância das estrelas à vista humana,
serviu como um instrumento para a verificação das hipóteses. As estrelas sempre
estiveram lá, porém não as conseguíamos ver; com o telescópio, elas puderam ser
observadas e analisadas.
O uso do telescópio para suas observações astronômicas fortaleceram as
comprovações das hipóteses heliocêntricas de Copérnico. O uso da matemática
abriu caminho para a ciência moderna. Entretanto, teve de lutar contra a
ortodoxia da Igreja, pois esta defendia as ideias ptolomaicas, ou seja, que a
Terra era o centro do Universo e não o Sol como pressuponha Copérnico. A Igreja
pode ensinar o caminho para ir ao céu, mas não sabe explicar como ele foi
feito.
No resto de sua vida, Galileu teve de lutar contra a Igreja. De início,
as descobertas eram simples observações que não implicavam qualquer
interpretação. Depois, tomou outro rumo: defesa das ideias de Copérnico. Numa
audiência com o papa, fora pedido para ele fazer um estudo comparativo entre os
dois sistemas, o ptolomaico e o coperniciano, mas sem emitir juízo de
valor a favor de um deles. Desrespeitou o acordo, optando por defender
Copérnico. Consequência: teve de abjurar para não ser morto.
Este fato histórico mostra a força das ideias. Podemos negar,
encobrir e distorcer a realidade, mas, no final das contas, a verdade emerge
com toda a sua força. Isto acontece porque a lei de progresso é uma lei
natural: ela independe de nosso juízo de valor. Observe o aparecimento do
computador: quantos de nós não o negaram? Hoje, a informática está
diuturnamente em nossas mais simples ações.
Naquela época, a verdade estava com a doutrina de Igreja. Hoje, a
ciência tem um desenvolvimento sem par na história da humanidade.
Fonte de Consulta
MOSLEY, Micahel e LYNCH, John. Uma História da Ciência:
Experiência, Poder e Paixão. Tradução de Ivan Weisz Kuck. Rio de Janeiro:
Zahar, 2011.
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