05 novembro 2014

Galileu e a Ortodoxia da Igreja

Galileu Galilei (1564-1641) estudou medicina e matemática. Em certa altura de sua vida, premido por necessidades financeiras, pois era professor de matemática de meia-idade e precisava melhorar de status e de finanças, interessou-se pelos rumores do novo invento, o "óculo espião". A invenção do telescópio foi a oportunidade de impressionar um novo mecenas entre as famílias ricas da Itália do século XVII. Não tinha ideia do alcance dessa descoberta para a ciência do cosmo.

O progresso é uma lei natural, ou seja, quer queiramos quer não, ele segue o seu rumo. Podemos, pela nossa ignorância, dificultar o seu curso, mas jamais poderemos detê-lo. Na ciência, formulam-se hipóteses; depois, pelo método teórico-experimental, essas hipóteses são testadas para verificar a sua veracidade. O telescópio, que diminui a distância das estrelas à vista humana, serviu como um instrumento para a verificação das hipóteses. As estrelas sempre estiveram lá, porém não as conseguíamos ver; com o telescópio, elas puderam ser observadas e analisadas.

O uso do telescópio para suas observações astronômicas fortaleceram as comprovações das hipóteses heliocêntricas de Copérnico. O uso da matemática abriu caminho para a ciência moderna. Entretanto, teve de lutar contra a ortodoxia da Igreja, pois esta defendia as ideias ptolomaicas, ou seja, que a Terra era o centro do Universo e não o Sol como pressuponha Copérnico. A Igreja pode ensinar o caminho para ir ao céu, mas não sabe explicar como ele foi feito.

No resto de sua vida, Galileu teve de lutar contra a Igreja. De início, as descobertas eram simples observações que não implicavam qualquer interpretação. Depois, tomou outro rumo: defesa das ideias de Copérnico. Numa audiência com o papa, fora pedido para ele fazer um estudo comparativo entre os dois sistemas, o ptolomaico e o coperniciano, mas sem emitir juízo de valor a favor de um deles. Desrespeitou o acordo, optando por defender Copérnico. Consequência: teve de abjurar para não ser morto.

Este fato histórico mostra a força das ideias. Podemos negar, encobrir e distorcer a realidade, mas, no final das contas, a verdade emerge com toda a sua força. Isto acontece porque a lei de progresso é uma lei natural: ela independe de nosso juízo de valor. Observe o aparecimento do computador: quantos de nós não o negaram? Hoje, a informática está diuturnamente em nossas mais simples ações.

Naquela época, a verdade estava com a doutrina de Igreja. Hoje, a ciência tem um desenvolvimento sem par na história da humanidade.

Fonte de Consulta

MOSLEY, Micahel e LYNCH, John. Uma História da Ciência: Experiência, Poder e Paixão. Tradução de Ivan Weisz Kuck. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

 

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