A palavra "droga" refere-se a uma substância química tomada de
forma deliberada para obter efeitos desejados. Algumas drogas são usadas do
ponto de vista médico para tratar doenças, enquanto outras são tomadas devido a
seus efeitos prazerosos.
Drogas são substâncias químicas: uma série de átomos ligados para formar
uma molécula. Qualquer que seja a via da administração usada, a molécula da
droga deve acabar no corrente sanguínea.
As drogas como medicamento. Observe os diuréticos, que estimulam a
produção de urina nos rins. Ao remover um pouco a água contida no sangue, a
droga reduz o volume de sangue em circulação e consequentemente diminui a
pressão sanguínea.
Menos da metade do colesterol presente no sangue se origina da dieta; o
restante é sintetizado no organismo principalmente no fígado. As drogas
redutoras do colesterol, chamadas estatinas, bloqueiam essa síntese agindo
sobre uma enzima-chave - a HMG-CoA redutase. As estatinas surgiram como uma
forma de prevenção da doença, em vez de tratar sintomas existentes. Elas não
baixam a pressão sanguínea nem tratam a insuficiência cardíaca — mas impedem um
maior acúmulo de depósitos de colesterol nas artérias e podem até levar a uma
regressão dos depósitos já existentes.
O consumo total anual de drogas medicinais no mundo inteiro é de cerca
de 250 bilhões de dólares, mas o consumo de drogas recreativas é pelo menos dez
vezes maior. Pessoas tanto de países ricos quanto pobres parecem ter um desejo
de alterar seu estado de consciência. O problema é que a droga recreativa pode
levar ao abuso. Consequentemente, à dependência. Na convenção moderna, o termo
"dependência" costuma ser usado em detrimento de "vício".
Os sintomas da dependência podem incluir tolerância (a necessidade de usar
doses cada vez maiores da substância para atingir o efeito desejado) e
dependência física (um estado físico alterado induzido pela substância, que
produz sintomas físicos de abstinência como náuseas, vômito, convulsões e dor
de cabeça quando o uso da substância é interrompido); mas nenhum deles é
essencial ou suficiente para o diagnóstico da dependência química. A
dependência pode ser definida em alguns casos unicamente como psicológica. Isso
diverge das primeiras reflexões sobre esses conceitos, que tendiam a igualar
vício a dependência física.
O usuário dependente de drogas pode continuar a usar quantidades
excessivas delas, mesmo sendo claramente prejudicial a seu emprego, saúde e
família. Felizmente, nem todos que usam uma droga recreativa tornam-se
dependentes dela. É possível que haja pessoas com uma personalidade dependente,
mas suscetíveis do que as demais. As drogas apresentam riscos diferentes de
dependência - desde o alto risco, como é o caso da cocaína, da heroína e da
nicotina, até um risco mais baixo, o caso do álcool, do cânhamo e da
anfetaminas. As mudanças que ocorrem no cérebro durante o desenvolvimento da
dependência de drogas ainda são um mistério.
Trechos copiados do livro Drogas, de Leslie L. Iversen. Tradução de Flávia Souto Maior. Porto Alegre, RS: L&PM, 2012.
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