Paradoxo vem do latim (paradoxum)
e do grego (paradoxo). O prefixo “para” quer dizer contrário a, ou
oposto de e o sufixo “doxa” quer dizer opinião. O paradoxo é uma proposição
contrária à opinião comum. É o oposto do que alguém pensa ser a verdade.
Representa, também, a ausência de nexo ou lógica. Declaração que se faz sobre
as coisas que aparentemente implica alguma contradição, pois uma análise mais
profunda faz desvanecê-la.
Segundo Platão,
a opinião é faculdade própria, distinta da ciência, que nos
torna capazes de “julgar sobre a aparência”. É a existência de algo
intermediário entre ignorância e ciência. O que caracteriza o filósofo é o não
ser “amigo da opinião”. Não é condenável ir contra a opinião, pois um paradoxo
pode ser falso ou verdadeiro. Para Sócrates as opiniões devem
ser destruídas, visto que o indivíduo, movido pela sensação, vai adquirindo
conhecimentos falsos e incorporando muitos vícios ao seu patrimônio
intelectual.
Entre os vários tipos
de paradoxos, os mais frequentes são: paradoxo
lógico. Exemplo: o paradoxo de Bureli-Forti – chamado do maior número
ordinal; paradoxo semântico. Exemplo: paradoxo
do mentiroso; paradoxo existencial. Encontra-se em
autores de caráter religioso, como Santo Agostinho, Pascal, Kierkegaard e
Unamuno. Não é anti-racional, mas pode ser pré-racional. (1)
Pesquisando sobre o
termo “paradoxo”, deparamo-nos com diversas situações. O paradoxo da
filosofia apriorística mostra que se a filosofia é amor à sabedoria,
não podemos restringi-la. A exclusão a priori de algum tema
mostra o preconceito da época. O paradoxo da fé em Kierkegaard
mostra que na fé o máximo amor de si mesmo convive com o máximo temor de Deus.
É um paradoxo, mas a fé é isso mesmo, um paradoxo. Sartre, ao afirmar que “o
homem está condenado à liberdade” profere um paradoxo, pois como uma pessoa
pode ter liberdade se está condenado a ela?
O paradoxo em
Frankenstein. A cinematografia faz de Frankenstein um ser com instinto de
assassinar crianças, ações contrárias àquelas praticadas pelos seres humanos
normais. No livro de Mary Shelley, ele é vegetariano, fala eloquentemente que
quase convence o seu criador e o leitor de sua bondade intrínseca. O paradoxo
está em ter certeza que conhecemos, mas raciocinamos com uma imagem falsa.
(1) ENCICLOPÉDIA
LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]
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