Patrística é o termo usado para
expressar a junção do mundo antigo grego, elaborado pela razão, com o mundo
cristão, concebido pela revelação. Na tradição judaica, a salvação é imediata;
no cristianismo, não. Não se espera uma redenção imediata do sofrimento e da morte
como acontecia no judaísmo. Para manter a esperança da salvação, há
necessidade de aprofundar os conteúdos da verdade revelada. Por isso, a
“patrística”.
Os antecedentes da patrística remetem-nos a
Tertuliano (155) e Orígenes (185). Tertuliano, embora contrário à patrística, e
posto à margem pela igreja, foi um dos precursores desse tipo de filosofia,
pois criou um cristianismo místico e vivencial, que encontrará sua máxima
expressão na síntese agostiniana de razão e fé. Orígenes, por seu turno, é o primeiro
grande sistematizador da teologia cristã, ao qual incorpora elementos
neoplatônicos e até gnósticos.
Justino, no século II, dá os primeiros passos para
conciliar o pensamento platônico e neoplatônico às Sagradas Escrituras. Em seu
desenvolvimento posterior, a patrística pode ser considerada, também, como uma
doutrina que procura se diferenciar de heresias como o gnosticismo, o
arianismo, o maniqueísmo e o monofisismo.
A criação, a revelação de Deus com o mundo, o mal,
a alma, o destino da existência e o sentido da redenção são problemas
fundamentais da patrística. Há, também, os problemas teológicos: essência de
Deus, trindade das pessoas divinas etc. Por último, os problemas morais: embora
utilizando os conceitos helênicos, adota uma postura na graça e na relação do
homem com seu Criador, e termina na concepção da salvação, estranha
ao pensamento grego.
A base da patrística está no platonismo. No
platonismo, o Demiurgo é a Ideia, o mundo sensível é feito à imagem e
semelhança das ideias e a ideia do Bem está topo da hierarquia. Para o
cristianismo, a criação leva também a marca das ideias do Criador; o mundo
sensível é baseado na contingencia, fator de dependência de seu ser
em relação ao Criador; e o fato de o neoplatonismo situar a ideia do bem no
topo da hierarquia, abriu espaço para o cristianismo expressar o monoteísmo.
Fonte de Consulta
Temática Barsa — Filosofia
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