Filosofia e religião estão
estreitamente relacionadas. Não foi somente o pensamento racional que procurou
dar respostas a certas preocupações humanas. As religiões também tentaram
explicar a origem do mundo e do homem; tentaram dar uma resposta ao que
acontece ao ser humano, depois de sua morte. Embora a secularização prosperasse
em muitos países ocidentais, não são poucos os indivíduos que se comportam no
mundo segundo pressupostos religiosos.
As religiões
diferem em muitos aspectos: formas de adoração, modos de fazer a cerimônia
e rituais a serem obedecidos. De uma forma geral, todas as religiões dividem o
ser humano em dois planos — um material (o corpo) e outro imaterial (a alma, o
espírito) —, nem todas acreditam na imortalidade da parte imaterial. Umas
acreditam no Céu e no Inferno; outras consideram extinção como prêmio. Na
maioria delas, considera-se a pessoa responsável por seus atos e por seu
destino.
Vejamos os modos como
a religião se relaciona com a filosofia:
1) O relacionamento
entre filosofia e religião pode se dar de duas formas: a) o conteúdo da
religião é o tema principal da reflexão filosófica, b) a filosofia é
fundamentalmente religiosa. Tanto a) como b) podem desembocar numa eliminação
da filosofia (em nome da religião) ou numa supressão da religião (em nome da
filosofia).
2) Filosofia e
religião apresentam-se como tensão e luta. Nesse caso, “filosofia” deve ser
entendida como “metafísica especulativa”. Ao citado estado de tensão se refere
Scheler quando, na Sociologia do saber, escreve: “O fato de que no
Ocidente tenham ganho quase sempre o jogo os poderes da religião de revelação e
da ciência exata e da técnica em sua secular luta comum contra o
espírito metafísico espontâneo é o que constitui talvez a
característica mais importante da modalidade ocidental do saber”.
3) Filosofia estuda — mediante descrição e também exame crítico — a linguagem da religião ou o
conteúdo proposicional da religião, ou ambos. Eis alguns temas que a filosofia
poderia estudar: relação (ou falta de relação) entre crenças religiosas e
princípios morais; estrutura e formas dos enunciados e das experiências
religiosas; valores religiosos; formas de apreender o objeto da religião ou da
crença religiosa; justificação ou falta de justificação das provas que se
apresentam em religião.
Na atualidade, a
filosofia da religião adota o modo 3 da relação entre filosofia e religião. Por
isso, necessita do auxílio de outras disciplinas, tais como, a psicologia, a
antropologia ou a sociologia. Com elas, descreve-se e interpreta-se o fenômeno
religioso desde seus fatos, superando o enfoque puramente abstrato
da teologia ou da filosofia.
Fonte de Consulta
MORA,
J. Ferrater. Dicionário de
Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004.
Temática Barsa -
Filosofia
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