Daimon é uma entidade sobrenatural, situada
entre um deus (theos)
e um herói. Ela não é boa nem má. Pode, entretanto, ser concebida no seu
sentido positivo; nesse caso, torna-se um anjo da guarda. Daimon não era
o espírito protetor de Sócrates, que o avisava quando algo não devia ser feito?
Antepondo “eu” ao “daimon”,
formaremos a palavra “eudaimon”
que, literalmente, significa “bom demônio”. Traduzindo-a por "bom
deus", "bom espírito", "bom anjo da guarda" e, por
conseguinte, "felicidade", pois toda pessoa que tivesse um bom
demônio era considerada feliz.
A felicidade
pode ser vista sob diversas formas e sob diversos ângulos filosóficos. Quanto
às diversas formas, consiste em "bem-estar", em "prazer",
em "atividade contemplativa"... Trata-se de um "bem" e de
uma "finalidade". No âmbito dos filósofos, temos: para Demócrito, a
felicidade não consiste nos bens externos; para Platão, a felicidade reside na
justiça; para Aristóteles, ela se fundamenta na contemplação intelectual.
Literalmente,
'eudemonismo' significa "posse de um bom demônio". É gozo ou fruição,
cujo resultado final é a prosperidade, a felicidade. Filosoficamente, toda
tendência ética segundo a qual a felicidade é o sumo bem. Para os eudemonistas,
sempre haverá compatibilidade entre bem e felicidade, pois a felicidade é o
prêmio da virtude. Para os opositores do eudemonismo, a felicidade e o bem
podem coincidir, mas não coincidem necessariamente. Nesse caso, a virtude vale
por si mesma, independentemente da felicidade que ela possa produzir.
No relato
histórico-religioso da felicidade, há a concepção da beatitudo (felicidade). A “felicidade animal”, que é passageira, encontra-se
num estado rudimentar e não deveria se chamar felicidade, mas "felicidade
aparente". Seguem-na a “felicidade eterna” (que é a vida contemplativa), a
“felicidade final” ou “última” ou “perfeita”, que é o que se chamaria
“beatitude”. Para Santo Agostinho, a beatitude é a posse do verdadeiro absoluto
e, em última análise, a posse (fruitio) de
Deus.
No processo
histórico acerca da felicidade, os pensadores têm muitas divergências quanto ao
verdadeiro conceito filosófico. Há, porém, algo que permanece comum em todos
eles: a felicidade nunca é apresentada como um bem em si mesmo, já que para
saber o que é felicidade deve-se conhecer o bem ou os bens que a produzem.
A felicidade está
no centro das discussões filosóficas, principalmente quando o assunto tratado
versa sobre ética e o problema do bem.
Fonte de Consulta
MORA,
J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004.
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