As necessidades humanas podem ser agrupadas em quatro
grandes áreas: arte, ciência, política e religião. A sabedoria
consiste em fazer uma síntese desses conhecimentos, síntese esta que deve
abarcar os quatro ângulos simultaneamente, ou seja, qualquer assunto pode e
deve ser tratado sob os quatro pontos de vista. É isso que dá equilíbrio ao ser
humano.
A filosofia à moda clássica deve ser vista como a busca
da sabedoria. Observe que Pitágoras não se colocava como sábio, mas buscador de
sabedoria. Nesse sentido, todos nós somos filósofos, porque todos nós
procuramos sabedoria. Esta sabedoria, que sintetiza as quatro grandes áreas,
pode ser vista em qualquer circunstância. Na perspectiva de uma palestra, há o
auditório e o palco (arte), os aparelhos de som e recursos audiovisuais
(ciência), a empatia do orador com o público (política) e a confiança do orador
(religião) que a palestra será proferida.
A sabedoria pode se tornar capenga quando as quatro áreas não se
desenvolvem harmonicamente. É o caso do indivíduo que se dedica somente à
religião, desprezando as outras três áreas: ele pode se transformar num
dogmático fanático. Do mesmo modo é o cientista, que se preocupa somente com
suas equações, sem dar atenção ao mistério, que é a religião. O mesmo
raciocínio se estende à arte e à política. O correto é buscarmos a unidade, a
síntese de todo o conhecimento humano.
Para que haja uma boa compreensão dessa filosofia à moda clássica,
devemos partir de uma metodologia filosófica, de uma tradição, pois aqueles que
nos precederam já descobriram verdades, que podem ser úteis ao nosso processo
de aprendizagem. Partamos sempre do conhecido para o desconhecido. Não é
conveniente fazermos filosofia de boteco, ou seja, cada um fala o que lhe vier
na telha. A filosofia não se prende à razão, mas usa-a para racionalizar as
ideias, os conceitos.
Para a construção do conhecimento a filosofia faz uso da dialética,
no sentido de nos libertar dos preconceitos, das dúvidas e dos medos. Quando
refletimos sobre esse tipo de sabedoria, estamos trabalhando no campo da
educação, que é pôr em prática o que se conheceu dialeticamente. Não é seguir,
copiar, mas raciocinar com os próprios recursos pessoais. Esta era a
metodologia de Sócrates quando se deparava com alguém que não sabia determinado
assunto. De pergunta em pergunta, fazia o interlocutor se lembrar do que já
conhecia.
A filosofia à moda clássica mostra-nos que há um justo meio, que é justiça,
que é a política e que precisa da ética: relação perfeita do ser
humano consigo próprio, com o meio e com o universo. Quando aplica isso a si
mesmo desenvolve o senso moral, que se traduz pela vivência da
filosofia.
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