O início da lógica digital tem a ver com nossos computadores materiais?
Há um pensamento
predominante que nos leva a esta tese. Não é bem assim. O início da lógica
binária está associada aos cartões perfurados que Joseph Marie Jacquard
desenvolveu no ano de 1804 para o seu tear. Nela uma agulha do tear tateava o
papel: se encontrasse um furo, a linha era levantada.
Charles Babbage
(1791-1871), inspirado nesse mecanismo, começou a desenvolver uma máquina de
calcular, controlada pelo programa de cartões perfurados. Devido aos altos
custos, suas pesquisas não prosperaram.
George Boole
(1815-1864) dá o verdadeiro passo rumo à lógica binária. Ele queria formular
uma matemática que pudesse contar com tudo, não apenas com números, mas também
com maçãs e peras. Ele imaginou que o símbolo algébrico x poderia não apenas
corresponder a um número, mas também a um objeto qualquer, digamos, um
unicórnio. O número 1 representava o universo; o 0, por sua vez, o nada. O 0
correspondia ao falso; o 1, ao verdadeiro.
A descrição do
dispositivo do computador (aquele que computa, calcula) é bastante ilusória,
pois este, que segue a álgebra booliana com a sua codificação de 0 e 1, não
computa. O e 1 não são mais concebidos como números, mas como meta-estados.
Fonte de Consulta
BURCKHARDT,
Martin. Pequena História das Grandes Ideias: Como a Filosofia
Inventou nosso Mundo. Tradução de Petê Rissatti. Rio de Janeiro: Tinta Negra
Bazar Editorial, 2011, p. 144 a 148.