Para Platão,
em Fedro, a paixão amorosa, excluindo a reflexão racional, dá
origem à loucura temporária. Nem toda a loucura é danosa; a do oráculo de
Delfos, por exemplo, capaz de predizer o futuro, é positiva: se não conseguimos
atribuir um sentido às suas frases desconexas, é somente porque não conseguimos
entender a língua pela qual falam os deuses.
Erasmo de Rotterdam tece
comentários sobre a loucura de Cristo e dos cristãos. Para ele, as normas
sociais nem sempre se coadunam com uma vida autenticamente cristã. Há, assim,
dois tipos de loucura: a) dos poderosos, ou seja, daqueles que reduzem o
Cristianismo à observância dos ritos; b) dos cientistas, que desafiam o desconhecido
pelo amor ao conhecimento. Estes é que são os verdadeiros cristãos, porque
abandonam tudo, para imitar a loucura da cruz.
Descartes, em sua dúvida
hiperbólica, fala-nos do gênio enganador, do gênio maligno. Para ele, deve-se
duvidar de todas as afirmações que não sejam intuitivamente evidentes.
"Para tornar a dúvida ainda mais drástica, Descartes imagina um gênio
maligno, que confunde nossas percepções. O objetivo da dúvida não é negar a
existência de qualquer verdade, mas extirpar proposições tão simples quanto
inopináveis".
Schopenhauer acha que a vida
não passa de um sonho muito longo. Para explicitar a sua tese — todo
conhecimento não é mais que uma simples representação mental (fenômeno) —,
Schopenhauer trata da indistinguibilidade entre sonho e vigília. “Não existem
argumentos lógicos para demonstrar que a existência inteira não seja um longo
sonho, interrompido (todas as noites) por outros sonhos mais curtos. Acontece a
todos, às vezes, sonhar, e existem sonhos tão realistas a ponto de insinuar a
dúvida, ao seu final, se está se passando realmente do sonho à vigília e
vice-versa.”
Para Freud,
o sonho é substancialmente a satisfação do desejo, quase sempre de origem
sexual. Esta simplificação popular da psicanálise não é exclusiva em Freud,
pois os sonhos podem nascer, também, de necessidades insatisfeitas. Se um
indivíduo adormece com o estômago vazio, pode perfeitamente experimentar sonhos
ligados ao alimento.
Fonte de Consulta
NICOLA, Ubaldo. Antologia
Ilustrada de Filosofia: das Origens à Idade Moderna. Tradução de Margherita
De Luca. São Paulo: Globo, 2005.
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