27 maio 2011

O Que é a Linguagem?

Para Parmênides, o ser é, o não-ser não é. O que é pode ser dito, pensado; o que não é, não. É impossível pensar no nada. Acha que no cotidiano usamos o verbo ser de modo impróprio e acabamos por atribuir realidade a condições de ausência, a coisas que não existem: a escuridão e o silêncio, por exemplo, são condições de não-ser da luz e do som, portanto, pela lógica não existem.

Górgias, sofista, mostra que usando com destreza a linguagem, pode-se produzir modificações físicas em quem escuta (por exemplo, o choro e o rubor de vergonha) e até mesmo manipular a mente do interlocutor, aniquilar a sua vontade e seduzi-lo.

Demócrito afirma que as palavras são puramente sinais convencionais. Isto porque, nas diversas línguas empregam-se nomes diferentes para indicar o mesmo objeto. Assim, as palavras não possuem, em si, como som, nenhum significado: são puras convenções que adquirem sentido somente pelo uso comum com base no critério da utilidade recíproca.

Segundo Rousseau, a linguagem nasceu sob o estímulo das emoções, não da utilidade social, como sustentava Demócrito. Acha que para resolver todos os problemas práticos da vida bastam os gestos e as ações; é somente para significar o amor e o ódio que as palavras se tornam imprescindíveis.

Hobbes, por sua vez, procurou reduzir as operações mentais a um puro cálculo matemático. O mundo do pensamento e da linguagem na sua totalidade pode ser descrito por meio de operações de composição-decomposição de palavras e sinais. Racionar é, portanto, computar, ou seja, subtrair, somar calcular.

Para Locke, as palavras são apenas sinais convencionais, puros símbolos arbitrários e eventualmente substituíveis por outros.

Fonte de consulta

NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: das Origens à Idade Moderna. Tradução de Margherita De Luca. São Paulo: Globo, 2005.


19 maio 2011

Troca, Tempo e Evolução

“Cada um se dá por aquilo que se troca”.

Um bom exercício é, de vez em quando, pararmos e refletirmos sobre as nossas ações diárias. Elas representam o tipo de troca que estamos fazendo com o tempo  que nos foi ofertado pela divindade  para a nossa evolução material e espiritual. Nesse caso, vem a frase: “Talvez não percebamos de pronto, mas cada um de nós se dá por aquilo que se troca”. Pensemos sobre o assunto.

Inicialmente, tenhamos em mente que o tempo perdido não volta mais. O tempo, transformado em horas, significa os nossos anseios, as nossas respostas aos outros, os nossos objetivos de vida, etc. Suponha que estejamos dizendo sim a todos os requisitos dos outros. Qual seria o tempo que sobra para o atendimento de nossos próprios objetivos? São os outros que os determinam ou é nossa própria consciência?

Algumas situações:

1. Diante do computador, quanto tempo ficamos jogando, conversando nos sites de relacionamento, navegando a esmo, buscando coisas por buscar, etc.?

2. Formação de grupos. Achamos que temos necessidade de participar de grupos, de fazer novas amizades, de estar em contato com os outros. Pergunta-se: quantas dessas idas e vindas contribuíram eficazmente para o nosso progresso espiritual? Será que elas não foram uma fuga de nós mesmos?

3. Futebol. Muitas vezes, deixamos de lado notícias sobre política, educação e saúde, para estarmos em dia com todas as competições esportivas, no Brasil e no mundo.

4. E a televisão? Não podemos ir dormir sem ela. Qual é quantidade de tempo que ficamos diante de um aparelho de televisão? Temos consciência disso?

Deixando de lado as atividades que exigem esforços de compreensão e de estudos profundos, trocamo-nos por bagatelas. E se estivermos nos trocando por coisas de segunda grandeza, como teremos as de primeira amanhã?

 

18 maio 2011

Freio Moral

Tese: sem sólida moral, podemos nos chafurdar no vício, seja de que espécie for.

Em nosso dia a dia, deparamo-nos com diversas situações que nos convidam a burlar os nossos princípios morais. Pensamos: todos fazem, por que não posso fazer também? Só eu sei do ocorrido; ninguém poderá me cobrar por coisas tão insignificantes? Esses pensamentos cedem lugar a outros de mesmo teor. Em pouco tempo, nossa resistência espiritual fica abalada.

Exemplos: numa dúzia de laranjas, pegamos uma décima terceira; numa nota fiscal, pedimos um valor maior; firmamos um acordo e não o cumprimos. Num determinado lugar, há avisos para não fazer isso e aquilo e fazemos de conta que não o vimos. Cada um de nós pode estender esta lista ao seu bel-prazer

Quais são, porém, as consequências desse desleixo? Tisnamos o nosso caráter e a nossa personalidade. Tudo, antes de se tornar ação, passou pelo pensamento. Ceder espaço para o que não é corretamente moral debilita-nos, porque vamos nos acostumando com a facilidade do erro. Sem o percebermos, escravizamo-nos à uma forma inferior de vida.

Por isso, quando tomarmos consciência de que estamos relaxando o nosso comportamento, frente a esses inconvenientes, acionemos a campainha dos bons princípios. Eles trazem de volta a liberdade, pois deixaremos de pensar em coisas fúteis para nos ocuparmos das coisas autênticas, como diriam os filósofos.

Por pior que seja a situação, ajamos sempre segundo os princípios morais elevados. O esforço de hoje produz a liberdade de amanhã.

 

 

04 maio 2011

Concentração e Barulho Externo

Tese: o barulho externo tem aumentado significativamente.

É o vizinho com seu aparelho de som em volume alto, o vozeirão das pessoas ao nosso derredor, o ruído dos motores das máquinas...

As pessoas quando falam ao celular, em ônibus ou metrô, têm a impressão que estão em suas próprias casas: o volume de voz é tão alto que todos os passageiros tomam conhecimento de suas conversas.

Há lugares, como as bibliotecas públicas, em que é proibido falar ao telefone. Mesmo assim, elas arrumam um jeito de falar.

Pergunta-se: como evitar a irritação com o barulho externo?

A tarefa não é fácil, mas se exercitarmos a nossa concentração mental, quem sabe não amenizaríamos esse tipo de estresse? A concentração diz respeito ao seguinte: “mesmo com uma bomba ao lado, não deveríamos desviar o nosso pensamento do objetivo proposto”.

Se pudéssemos, a cada instante do nosso dia, focalizar o nosso próprio pensamento, as nossas criações mentais e o nosso trabalho intelectual, talvez diminuíssemos o nosso nervosismo com o que é externo.

Aprendamos com as crianças. Elas não ligam para o barulho externo, porque não lhes veem à mente que devem repreender os outros. Ainda mais: a irritação do barulho externo pode ser fruto simplesmente de nossa imaginação. Queremos que as coisas sejam do nosso modo. A realidade, porém, é outra. Assim sendo, concentremos em nossos objetivos de vida e deixemos que o barulho externo se esvaia por si mesmo.