30 outubro 2010

Heidegger, Martin

"Nunca chegamos aos pensamentos. São eles que vêm." (Martin Heidegger)

Martin Heidegger (1889-1976) filósofo alemão, discípulo de Husserl (que desenvolveu a fenomenologia) e umas das influências do existencialismo. Em 1923, foi nomeado professor titular na Universidade de Malburgo e sucedeu a Husserl na cátedra de filosofia em Freiburg (1928), chegando a reitor da universidade em 1933. Em sua obra principal, O Ser e o Tempo (1927), Heidegger procurou trazer a filosofia de volta para o que ele considerava uma questão de extrema importância: "O que é o ser?".

Para Heidegger, a existência só pode ser compreendida a partir da análise do Dasein (o ser-aí), do ser humano aberto à compreensão do ser. Embora reverencie as figuras de Platão e Aristóteles, acha que o sentido da pergunta pelo Ser foi perdido e caiu no esquecimento. Concentra-se na determinação própria da existência em lugar de colocá-la entre parênteses, dela fazendo abstração. Afirma, também, que a existência humana está baseada numa finitude radical; o homem é um ser-para-a-morte e sente angústia por isso.

Analisando o cotidiano, percebe que as pessoas estão presas ao “falatório”, inconsciente e inconsequente, repetindo o que todo mundo diz. Pondera que a busca incessantemente da novidade e do boato cria uma ambiguidade entre o autêntico e o inautêntico. Nesse caso, o Dasein está sempre à mercê da decadência e da queda, da inautenticidade e da alienação. Esta situação gera a angústia, uma espécie de “inquietação metafísica” em meio aos tormentos pessoais do ser humano.

Como estamos vendo, o ser humano tem duas alternativas: realizar-se na existência autêntica ou perder-se na existência inautêntica. Como se encontra jogado no mundo à sua revelia, está sempre à mercê do medo e da angústia. Mesmo assim é capaz de verdade, quer dizer, de desvelar ou revelar a si mesmo a temporalidade essencial de sua existência, de ser-para-a-morte. Ou seja, a angústia que revela a temporalidade e a mortalidade do Dasein, permite, assim mesmo, o acesso à existência autêntica.

Ser capaz de verdade remete o ser à sua transcendência. Transcender-se é projetar-se, ou seja, é constituir um mundo enquanto conjunto de possibilidades. A transcendência, enquanto estrutura da realidade humana, explica a liberdade e a verdade, entendida como aletheia, revelação ou descobrimento do ser. “Ora, a transcendência é a própria liberdade, que assim se revela como a origem do princípio, de razão e o fundamento último, o ‘abismo’ além do qual não é possível remontar”.

Fonte de Consulta

ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. São Paulo: Encyclopaedia Britannica, 1987.

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