"Nunca chegamos aos pensamentos. São eles
que vêm." (Martin Heidegger)
Martin Heidegger (1889-1976)
filósofo alemão, discípulo de Husserl (que desenvolveu a fenomenologia) e umas
das influências do existencialismo. Em 1923, foi nomeado professor titular na
Universidade de Malburgo e sucedeu a Husserl na cátedra de filosofia em
Freiburg (1928), chegando a reitor da universidade em 1933. Em sua obra
principal, O Ser e o Tempo (1927), Heidegger procurou trazer a
filosofia de volta para o que ele considerava uma questão de extrema
importância: "O que é o ser?".
Para Heidegger, a existência só pode ser compreendida a partir da análise
do Dasein (o ser-aí), do ser humano aberto à compreensão do ser. Embora reverencie as figuras
de Platão e Aristóteles, acha que o sentido da pergunta pelo Ser foi perdido e
caiu no esquecimento. Concentra-se na determinação própria da existência em
lugar de colocá-la entre parênteses, dela fazendo abstração. Afirma, também,
que a existência humana está baseada numa finitude radical; o homem é um
ser-para-a-morte e sente angústia por isso.
Analisando o cotidiano, percebe que as pessoas
estão presas ao “falatório”, inconsciente e inconsequente, repetindo o que todo
mundo diz. Pondera que a busca incessantemente da novidade e do boato cria uma
ambiguidade entre o autêntico e o inautêntico. Nesse caso, o Dasein está sempre à mercê da decadência e da queda, da inautenticidade e
da alienação. Esta situação gera a angústia, uma espécie de “inquietação
metafísica” em meio aos tormentos pessoais do ser humano.
Como estamos vendo, o ser humano tem duas
alternativas: realizar-se na existência autêntica ou perder-se na existência
inautêntica. Como se encontra jogado no mundo à sua revelia, está sempre à
mercê do medo e da angústia. Mesmo assim é capaz de verdade, quer dizer, de
desvelar ou revelar a si mesmo a temporalidade essencial de sua existência, de
ser-para-a-morte. Ou seja, a angústia que revela a temporalidade e a
mortalidade do Dasein, permite, assim mesmo, o acesso à existência autêntica.
Ser capaz de verdade remete o ser à sua
transcendência. Transcender-se é projetar-se, ou seja, é constituir um mundo
enquanto conjunto de possibilidades. A transcendência, enquanto estrutura da
realidade humana, explica a liberdade e a verdade, entendida como aletheia, revelação ou descobrimento do ser. “Ora, a transcendência é a própria
liberdade, que assim se revela como a origem do princípio, de razão e o
fundamento último, o ‘abismo’ além do qual não é possível remontar”.
Fonte de Consulta
ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. São Paulo:
Encyclopaedia Britannica, 1987.