Fides et Ratio é a décima segunda Encíclica do Papa João Paulo II, editada em 14 de
setembro de 1998. O seu objetivo é esclarecer as relações entre fé e razão,
deturpadas ao longo do tempo, quer pela filosofia, quer pela religião, quer
pela ciência, quer pelo próprio ser humano. Segundo João Paulo II, fé e razão são
as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da
verdade.
Esta Encíclica está dividida em 7 capítulos, a
saber: capítulo primeiro — A Revelação da Sabedoria de Deus; capítulo segundo —
Credo ut Intellegam (Creio para Compreender); capítulo terceiro — Intellego ut
Credam (Compreendo para Crer); capítulo quarto — A Relação entre Fé e Razão;
capítulo quinto — Intervenções do Magistério
João Paulo II enfatiza o conhecimento pela fé,
sem desprezar os anseios da razão natural. Afirma que a Igreja é portadora das
verdades obtidas pela fé, porque as suas premissas fundam-se nos ensinamentos
trazidos pela Revelação dada por Deus a Jesus Cristo, o seu Filho amado. Sem
estas orientações não se consegue obter a compreensão mais ampla e
transcendental da verdade.
Os capítulos desta Encíclica encerram um estudo
histórico: na Antiguidade, mostra a passagem do mito ao logos; na Idade Média,
a influência da religião e da teologia sobre a filosofia; na Idade
Contemporânea, a exacerbação da ciência e da técnica em detrimento da fé. Para
ele, temos que voltar à reta razão e não somente aos exercícios do pensamento
filosófico e científico.
Apoia-se em muitas citações do Velho e do Novo
Testamento; não se esqueceu de Paulo, nem tampouco de Santo Tomás de Aquino.
Este distingue teologia e filosofia, mas não as separando necessariamente. Para Santo Tomás, ambas
podem tratar do mesmo objeto (Deus). Contudo, a filosofia utiliza as luzes da
razão natural, ao passo que a teologia se vale das luzes da razão divina
manifestada na revelação.
Faz suas as palavras de Santo Tomás de Aquino,
dizendo que há distinção, mas não oposição entre as verdades da razão e as da
revelação, pois a razão humana é uma expressão imperfeita da razão divina,
estando-lhe subordinada. Por isso, o conteúdo das verdades reveladas pode estar
acima da capacidade da razão natural, mas nunca pode ser contrário a ela.
Entendamos que fé e razão são duas potências do
espírito humano que devem ser atualizadas ao longo do tempo. Não há como
separá-las. Por outro lado, comecemos o nosso raciocínio pela fé, entendendo-a
como um sentimento inato do ser humano. A razão deve vir depois para tornar
esse sentimento racional, ou seja, não deixar que ele (sentimento) se desvie
para a fé cega.
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