Aristóteles, na antiguidade,
desenvolveu um sistema inteiramente dualista, denominado de “lei do meio
excluído”, em que tudo no mundo ou é preto ou é branco, negando qualquer outra
possibilidade. Daí, a frase: “Quem não estiver comigo está contra mim”. Bush,
presidente dos Estados, também incorreu neste erro, quando disse: “Quem não
estiver conosco está com os terroristas”. Esta visão dualista de interpretar a
realidade propiciou o aparecimento dos hábitos mentais egocêntricos, a
principal causa de todo o sofrimento.
Buda, há 2.500 anos, em suas tentativas
de iluminação, já nos alertava para a supressão de todo o sofrimento. Os seus
ensinamentos se basearam nas Quatro Nobres Verdades, em que destaca a natureza,
a causa, a supressão e o caminho para a
supressão do sofrimento. No caminho da supressão do
sofrimento, ele enfatiza o Nobre Caminho Óctuplo: entendimento
correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida
correto, esforço correto, atenção plena correta e concentração correta.
Buda salientou que os padrões
egocêntricos das nossas mentes, tais como o julgamento dos outros e o apego às
coisas, são a origem das patologias humanas. Como a humanidade seguiu o caminho
aristotélico — certo ou errado, bom ou mau e santo ou pecador — quase todo o
sofrimento está na nossa mente: sentimento de culpa por algo feito no passado
ou uma grande ansiedade por aquilo que está por vir, o que gera medo e desejo
de vingança.
Deduz-se, dos ensinamentos de Buda, que
cada um nós deveria transcender a ilusão de uma individualidade separada e
penetrar na consciência cósmica, onde inexiste ofensa, ódio e rancor e, consequentemente,
o desejo de vingança que desses estados dimana. Essa consciência cósmica só
poderá ser alcançada quando toda a humanidade estiver cônscia do pensamento
correto, aquele que nos leva à verdade de uma realidade.
Por fim, salienta-se que o
desenvolvimento da compaixão é um passo firme no caminho que nos leva ao fim do
sofrimento. Não é sem razão que a maioria das religiões evoca esta palavra como
a principal bandeira do progresso moral e religioso. Assim, quando a humanidade
toda estiver pondo em prática esse código de conduta, estaremos nos aproximando
da lei áurea ensinada por povos e culturas de todo o mundo: “Fazer aos outros o
que gostaríamos que os outros nos fizessem”.
Extinguindo o ódio, o rancor e a
vingança, o sofrimento deixará de existir, pois ele está mente daquele que se
sente ultrajado e ofendido.
Fonte de Consulta
HURTAK, J.J. e TARG, R. O Fim
do Sofrimento: Vivendo sem Medo em Tempos Difíceis - ou como Sair Livre do
Inferno. Tradução da Academia para Ciência Futura. São Paulo: Ícone, 2009.