13 agosto 2009

Pensamento e Pergunta

“Formule sempre perguntas adequadas”.

Hoje, há muita dificuldade de os jovens se libertarem dos preconceitos, mal-entendidos e crenças errôneas, advindas da mídia, incluindo os telejornais diários. Não percebem que essa avalanche de slogans e frases feitas lhes rouba o tempo que poderia ser mais bem aplicado em outros campos de interesse, ou seja, na educação de sua alma imortal.

Para exercitarmos a reflexão filosófica, lembremo-nos de algumas frases: “Inteligência, dá-me o nome exato das coisas! [...] Que minha palavra seja a coisa mesma criada novamente pela minha alma”; “Não quero fabricar cérebros que andam, mas aprendizes de homens”, disse Rousseau; de Einstein, vem: “Quero só pertencer a uma comunidade, a dos que buscam”.

Em geral, o interesse determina a ação. A pergunta revela esse interesse. O interesse, porém, está atrelado ao desejo. Perguntando, vamos expondo o nosso desejo, o nosso interesse. Nesse caso, é útil sabermos formular perguntas adequadas, pois sempre teremos respostas às mesmas. Não sejamos como aquelas pessoas que sempre perguntam o que querem para ouvir o que não querem. Quando a pergunta representa uma necessidade peremptória de nossa alma, com certeza teremos uma boa resposta, um bom aprendizado.

Pensamento e pergunta têm relação com a areté (virtude) socrática. Na época, havia uma discussão entre Sócrates e os sofistas. Para Platão, os sofistas eram os mercenários do saber, pois recebiam pela comunicação de seus conhecimentos. Eles afirmavam também que a virtude (areté) poderia ser ensinada, o que contrastava com Sócrates, que achava impossível de ela ser ensinada, quando muito aprendida.

Se quisermos ser professores-educadores, devemos ter à mão um acervo de perguntas-chaves. Eis algumas delas: O que você quer dizer com isso? Por acaso, você também não acredita nisso? Como é possível fazer isso? Como você pode afirmar? É a mesma coisa falar ou dizer? Você pode definir o que é isso de que está falando? Em que se baseia a sua opinião? É assim ou você pensa que é assim? Você pode apresentar uma prova? Você pode dar um exemplo?

Tenhamos também em mente os vocábulos gregos nosoterapia e logoterapia, que significam, literal e respectivamente, “atenção ao pensamento” e “atenção à palavra”. Esse dois termos constituem o fio da trama de nossa vida pessoal.

Fonte de Consulta

CAMPOS, Pedro Ortega. Educar Perguntando: Ajuda Filosófica na Escola e na Vida. Tradução de Antonio Efro Feltrin. São Paulo: Paulinas, 2008 (Coleção Educação em Foco)

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