10 junho 2009

Objetivismo e Modo de Vida Correto

objetivismo e o modo de vida correto são um dos ramos da filosofia moderna. O objetivismo é proveniente da Ayn Rand; o modo de vida correto, do Budismo.

Ayn Rand (1905-1982), nascida Alissa Zinovievna Rosenbaum, foi uma controversa filósofa estado-unidense de origem judaico-russa, mais conhecida por sua filosofia do Objetivismo, e seus romances The Fountainhead ("A Nascente", sendo que o filme é conhecido no Brasil por "Vontade Indômita") e Atlas Shrugged ("Quem é John Galt?" no Brasil).

O objetivismo pode ser resumido em quatro princípios:

1) A realidade existe, independentemente da observação do homem, de seus sentimentos, desejos, esperanças ou medos

2) A razão é o único meio do homem para perceber a realidade, sua única fonte de conhecimento, seu único guia de ação e seu meio básico de sobrevivência

3) O homem, cada homem, é um fim em si mesmo e não um meio para o fim de outros homens. Deve existir em função de seus próprios propósitos, não se sacrificando por outros nem sacrificando outros por ele

4) A liberdade, num sistema político onde os homens se tratam como negociantes livres, em trocas voluntárias, com mútuo benefício e nunca como vítimas e executores, senhores e escravos.

Buda preconizava o discurso correto, a ação correta e o modo de vida correto. Em se tratando do modo de vida correto, há cinco aspectos relevantes:

1) não prejudicar os outros;

2) encontrar a "felicidade apropriada";

3) crescer espiritualmente;

4) simplifique;

5) ajudar os outros;

Embora seja difícil aplacar esses princípios, deve-se tê-los como modelos, tais como são os ensinamentos de Jesus. O não prejudicar os outros é não prejudicar o próximo, o planeta. O encontrar a "felicidade apropriada" é viver com os próprios recursos, sem excesso. Crescer espiritualmente é ver o lado espiritual dos trabalhos repetitivos. Simplifique, ou seja, nada de supérfluo, nada de extravagâncias. Ajudar os outros é ajudar a si mesmo.

 


09 junho 2009

Aparência e Realidade

Na história da filosofia, a aparência teve dois significados diametralmente opostos: 1) ocultação da realidade; 2) manifestação ou revelação da realidade. No primeiro caso, a aparência vela ou esconde a realidade das coisas. É preciso transpô-la; no segundo caso, a aparência é o que manifesta ou revela a realidade, de tal modo que este encontra na aparência a sua verdade, a sua revelação. No primeiro caso, conhecer significa libertar-se das aparências (Sócrates e Platão); no segundo, conhecer é confiar na aparência, deixá-la aparecer.

Em metafísica, depois de Kant, o termo aparência caiu em desuso. Em seu lugar deve-se usar fenômeno. O termo aparência hoje em dia conserva um sentido psicológico, ou seja, toda a representação, ou melhor, toda a presentação que se considere diferente do objeto que lhe corresponde. O termo antitético é realidade.

O que se entende por realidade? O adjetivo real concerne às coisas e qualifica o que é dado, o que existe efetivamente. Indica, assim, o modo de ser das coisas existentes fora da mente humana ou independentemente dela. Consequentemente opõe-se por um lado ao que é aparente e ilusório, e, por outro lado, ao que é abstrato.

Aquilo que vemos é realmente o que vemos? Esta questão remete-nos ao próprio pensar do ser humano. Podemos simplesmente absorver uma informação (de modo passivo) ou, ao contrário, indagar se ela tem fundamento, se condiz com a verdade dos fatos. O nosso procedimento, como seres racionais, é o de questionar se a informação recebida tem um fundo de verdade. João, em seu Evangelho, já nos alertava para não acreditarmos em todos os espíritos. Antes disso, deveríamos verificar se eles são de Deus, ou se são mistificadores. Em outras palavras, desconfiemos das aparências.

A dúvida metódica de Descartes auxilia-nos a penetrar o nosso olhar além das aparências das coisas. Descartes analisa o conhecimento vigente e conclui que nada se lhe oferece, de modo indubitável, sobre o que possa fundamentar o seu trabalho. Tem que buscar alguma coisa fora da tradição, uma ideia, uma única que seja, mas que resista a todas as dúvidas. Ele coloca uma dúvida, não para simplesmente duvidar, mas para extrair da sua dúvida a verdade. Aristóteles, por outro lado, dizia: "... o que é diferente de alguma coisa é sempre diferente por qualquer coisa, e tanto assim que deve necessariamente haver algo de idêntico, pelo que são diferentes". (Metafísica, 1054b, 25 segs.) Parte-se, muitas vezes, do conhecido para o desconhecido.

Bibliografia Consultada

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.




05 junho 2009

O Rito

As ciências sociais, para bem compreender os fenômenos que estudam, devem sair ou ultrapassar o nível de experiência ingênua: o irracional ou o que se apresenta como irracional deve ser transformado em racional.

Para os etnógrafos – que observam e registram as características morfológicas de um grupo étnico ou de uma sociedade viva –, uma sociedade desprovida de qualquer ritual seria uma anomalia. Acham que há sempre uma explicação para aquele gesto ou aquele modo de ser, embora o homem moderno nada veja.

Então, se o homem moderno, seja qual for a sua posição filosófica, julga extravagantes os ritos de seus semelhantes menos evoluídos, os etnógrafos e os antropólogos tentam perceber o que há de lógico no que parece ilógico. Nesse sentido, o rito é um terreno muito mais privilegiado do que o próprio mito, porque os gestos, o vestuário e outros tipos de manifestações podem ser observados in loco, enquanto o mito fica apenas no campo da teoria.

Mas o que é o rito? O rito é um conjunto de atividades organizadas e institucionalizadas, no qual as pessoas se expressam por meio de gestos, símbolos, linguagem e comportamento, transmitindo um sentido coerente ao ritual. É um ato que pode ser individual ou coletivo, mas que sempre, mesmo quando é bastante flexível para comportar uma margem de improvisação, permanece fiel a certas regras que constituem precisamente o que há nele de ritual.

A palavra latina ritus designava, aliás, não só as cerimônias ligadas às crenças relativas ao sobrenatural, como os simples hábitos sociais, os usos e os costumes (ritus moresque), isto é, à maneira de agir reproduzida como certa invariabilidade. O fim dos verdadeiros ritos é tanto o de afastar as impurezas como o de manejar a força mágica ou ainda de pôr o homem em contato com um princípio que o transcende.

Há grande diferença entre rito e ritual. O rito é associado ao mito, enquanto ritual diz respeito a quase tudo que fazemos. Nesse caso, o médico procede a um ritual para fazer a sua operação. O uso deste ou daquele vestuário, deste ou daquele gesto não pode ser considerado ritual. Pode ser apenas um costume, uma maneira de ser e de agir. Para enquadrar-se como rito, deve pertencer a um contexto específico, principalmente o religioso.

O mito, o rito e os rituais parecem-nos irracionais. Não importa. Procuremos estudá-los, meditando em sua pureza original. Quem sabe não podemos descobrir, por nós mesmos, a simbologia que eles representam?