26 novembro 2008

Cinco Tratados Franceses do Século XVIII

Regina Schöpke, doutora em filosofia e medievalista, e Mauro Baladi, graduado em filosofia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, fazem a seleção, a apresentação e a tradução do livro Filosofia Clandestina: Cinco Tratados Franceses do Século XVIII, com o intuito de tornar público o "movimento" filosófico-literário, cuja marca foi a circulação de diversas obras anticlericais e de crítica política entre os séculos XVI e XVIII.

O Verdadeiro Filósofo, de autoria de César Chesneau du Marsais (1676-1756), célebre gramático, advogado e filósofo francês, nascido em Marselha, é o primeiro texto. Esta obra pode ser considerada um autêntico manifesto da nova filosofia do século das luzes, preocupada em intervir favoravelmente na formação crítica da população. Rejeita, assim, o caráter puramente metafísico da reflexão.

O segundo texto é o Breviário Filosófico ou História do Judaísmo, do Cristianismo e do Deísmo em 33 Versos, escrito por Giuseppe Antonio Giachimo Cerutti, jesuíta, escritor político e jornalista italiano, radicado na França ainda jovem. O livro apresenta um pequeno poema atribuído ao rei da Prússia, Frederico II. Cerutti critica, em notas, os episódios do Velho e do Novo Testamento, com a intenção de atacar a Igreja e seu instrumental de ritos e dogmas, no sentido de instituir a religião natural, fundamentada na razão e na virtude.

O terceiro texto, de autor anônimo, é o mais longo e sintetiza o conteúdo mais radical das críticas ao monopólio das ideias vigentes na época. O título é: Giordano Bruno Redivivo ou Tratado dos Erros Populares, de 1771. Dividido em cinco partes, ou seja: 1) Da Pluralidade dos Mundos; 2) Os Conhecimentos Humanos nada Têm de Seguro; 3) Da Existência de Deus; 4) Deus não é Imutável; 5) Não Seria Possível Conciliar a Ciência de Deus, seu Conhecimento e seu Governo Absolutos com o Mal que Existe no Mundo.

Das Conspirações contra os Povos ou Das Proscrições, de 1766, o quarto texto, traz a marca do iluminismo francês e da própria literatura clandestina de Voltaire. A trajetória de Voltaire é uma luta contra a ignorância, a superstição, a intolerância, o fanatismo e os abusos de toda ordem. Para tal fim, usa a sátira, temperada com uma sólida erudição e uma ironia que não poupa ninguém (e que chegou a levá-lo para a prisão e ao exílio). Esta obra poderia ser chamada: Uma Pequena História dos Grandes Massacres Motivados pela Intolerância Religiosa.

Profissão de Fé dos Teístas, também de Voltaire, é o quinto texto. Atribuído a um pretenso conde e veladamente dedicado a Frederico II, ele faz uma defesa apaixonada do teísmo, apresentado como a única religião verdadeira, visto que é natural, intuitiva e precede todas as outras. Trata-se de uma religião não institucionalizada, em que os dogmas devem ser substituídos pela razão, e os sacerdotes pelo bom senso. É totalmente inspirada e guiada pela "luz natural".

Fonte de Consulta

DU MARSAIS, César Chesneau. Filosofia Clandestina: Cinco Tratados Franceses do Século XVIII. Seleção, apresentação e tradução de Regina Schöpke e Mauro Baladi. São Paulo: Martins, 2008. (Coleção Tópicos Martins)


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