A filosofia, fornecendo-nos subsídios para a
verdadeira argumentação, faz-nos artífices do raciocínio correto. Com isso,
desvia-nos dos sofismas e de tudo o que possa tisnar a verdade dos fatos. A
pseudoprofundidade, não resta dúvida, é um desses desvios. Reflitamos um pouco
sobre este assunto.
A pseudoprofundidade é a
utilização de técnicas — nem sempre naturais e sinceras — capazes de dominar o
público. Geralmente é exercida por um guru, indivíduo cheio de insigths,
que tem grande influência sobre um determinado grupo social. O setor de marketing abriga
uma gama enorme deles. Depois de se tornar mundialmente famoso, passa a
divulgar as suas teorias, entrelaçadas com seus próprios jargões.
Falar o “óbvio”, mas de forma pausada, palavra por
palavra, é um procedimento muito utilizado por esses profissionais. Dinheiro,
morte e amor são os seus temas preferidos. Exemplo: “o dinheiro serve para
compras coisas”; “todos desejamos amar e ser amado”; “a morte é fim de tudo”.
Ninguém contesta essas palavras, pois elas soam como verdadeiras. Quem poderá
dizer que a morte não é o fim, se, depois dela, essa pessoa não existe mais?
Contudo, trata-se de um slogan, uma palavra-força usada para captar
a atenção e a simpatia dos ouvintes.
Nessa mesma linha de pensamento, esses gurus usam
frases longas e complicadas em vez de curtas. Pense nas palavras feliz e
triste. Para exprimir que uma pessoa está feliz ou triste, eles usam a seguinte
frase: “orientações atitudinais positivas e negativas”. Caso esse bem-estar ou
mal-estar possa ser passado para outra pessoa, eles diriam: “Orientações
atitudinais positivas e negativas são altamente transferíveis de uma pessoa
para outra”. Dependendo ainda do tom de voz, o impacto sobre a plateia pode ser
muito maior.
Além das palavras longas e complicadas, usam também
os termos “energias” e “equilíbrios”, que fornecem ao interlocutor a ilusão de
profundidade. Eles podem dizer: “Antes de sair para as suas atividades diárias,
aplique “energias” curadoras em volta de si mesmo”; “o seu equilíbrio depende
de sua atitude mental”; “pense grande e será grande”; “querer é poder”. Quer
dizer, há sempre uma técnica oratória para fisgar o ouvinte. De certa forma,
assemelha-se ao reflexo condicionado de Pavlov, aplicado à propaganda, ou seja,
usa a intensidade e repetição para melhor atrair.
Saibamos acatar a autoridade da verdade, esteja ela
onde estiver. A busca do conhecimento tem este preço.
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