02 julho 2008

Teoria e Prática

O termo teoria — do grego therein — é usado em várias acepções segundo os dicionaristas. Na Origem, designava o ato de ver e de ser visto em locais abertos a todos, tais como o templo, o circo, a ágora e em espetáculos e cerimônias públicas. Pode ser também a ação de contemplar ou pessoas que marcham para um determinado local. Modernamente, o conjunto de princípios fundamentais de uma arte ou ciência.

O conhecimento teórico, em toda a antiguidade clássica grega, era entendido como a contemplação da verdade (aletheia) em si mesma. É o conhecimento que confere plena realização e domínio completo tanto em relação ao conhecimento da práxis (conhecimento com utilidade exterior) como ao conhecimento da techne (com utilidade para o próprio sujeito do conhecimento). A supremacia do conhecimento teórico sobre o prático ou técnico provém do fato de ele ser útil em si mesmo, independentemente de sua aplicação exterior.

No sentido moderno, uma teoria equivale a um corpo de proposições adequadas à explicação e à interpretação dos fenômenos dentro de determinado campo disciplinar, descobertas por indução e aplicadas por dedução. Nesse sentido, a teoria passou a ser um conjunto de regras ou de normas a que devem obedecer os fenômenos ou a sua interpretação. Por isso, diz-se que o conhecimento tornou-se teórico-experimental. Há uma concepção mental, uma teoria; para que tenha validade, há necessidade de colher dados e prová-la, geralmente com o auxílio de modelos matemáticos.

O vocábulo teoria é usado, as mais das vezes, como oposição a prática, a ponto de muitas pessoas dizerem que "a teoria na prática é outra". Com isso, não são poucos os pensadores que acabam dando mais importância à prática do que à teoria. Os homens práticos, ou seja, aqueles que estão à frente de atividades empresariais e governamentais ganham cada vez mais notoriedade, principalmente pelas suas aparições nos veículos de comunicação de massa. Eles falam de realizações, de feitos, de planos para o futuro etc. Desconfiemos, contudo, das aparências.

A prática não pode viver sem a teoria. E a teoria deve sempre vir antes, porque é dela que as ideias emergem e se estabelecem os princípios de uma doutrina, de uma ciência ou de um sistema filosófico. O cientista, por exemplo, não vai direto às provas; primeiro, estabelece as hipóteses. Observe que na França, a maioria dos cursos universitários, não exige pesquisas práticas como aqui no Brasil. Entendem eles que, para muitos estudantes, basta apenas ter o arcabouço teórico, e que isso já é o suficiente para resolver muitos problemas no seio da sociedade.

Estejamos aptos a captar ideias. Não nos importemos com a aplicação prática. No seu devido tempo e lugar elas nos servirão de guia para auxiliar o progresso da humanidade.

Fonte de Consulta

POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São Paulo: Verbo, 1986.

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