02 julho 2008

Temos o que Somos

Somos o que temos ou temos o que somos? Eis a questão.

As atitudes e os comportamentos do ser humano determinam o "tipo de posse" que ele deseja para si. Krishnamurti, filósofo indiano, já nos alertava que o mundo é violento porque cada um de nós o é. Se assim não fosse, o mundo não o seria, pois o mundo nada mais é do que a soma do que cada um é. Nesse sentido, o egoísta, que pensa exclusivamente em seu benefício pessoal, quer tudo para si; o altruísta, que pensa mais no seu próximo, quer tudo para os outros.

Devido aos insistentes apelos da mídia televisiva, parece que temos necessidade de uma infinidade de bens. Será que eles realmente fazem parte do nosso projeto de vida? Como avaliar corretamente o que devemos ou não possuir? Se o Senhor da vida quisesse nos chamar neste exato momento, do que precisaríamos para a nossa ida ao mundo dos Espíritos? Em outras palavras, qual é a verdadeira propriedade? O que realmente levaremos deste mundo? Nada do que é da matéria (dinheiro, títulos honoríficos, imóveis); tudo o que é do Espírito (virtude, conhecimento, desprendimento dos bens materiais).

Parece-nos que, na relação entre o ter e o ser, faz-se necessário averiguar o nosso interior, sem outro motivo que não o de perscrutar a nossa consciência sobre o que realmente é útil para o nosso progresso espiritual. Os Espíritos superiores estão sempre nos advertindo acerca de nossos desejos terrenos. Nem sempre vemos o lado mau daquilo que desejamos obter. Deus, que sabe o que é melhor para nós, pode impedir a sua realização.

Vejamos um exemplo prático. Queremos, a qualquer custo, obter um lugar de destaque, um posto político ou uma função administrativa em alguma organização governamental. Com isso, os nossos problemas financeiros estariam resolvidos. Há lógica no ensejo. Contudo, se as circunstâncias nos distanciarem de tal intento, não devemos nos rebelar contra Deus. É possível que estejamos sendo preparados para coisas mais substanciais. Além disso, se galgássemos esses postos, o desempenho da função consumiria totalmente o nosso tempo, que quase nada sobraria para as obrigações genuinamente espirituais.

Reflitamos sobre a lei de causa e efeito. Se hoje estamos nos esforçando por ser humilde, simples de coração e submisso à vontade de Deus, deduz-se, por esta lei universal, que no amanhã colheremos o que tivermos plantado. Ninguém colhe o que não plantou. Tenhamos sempre em mente este dístico do conhecimento superior.

Cada um de nós está sempre no devido lugar. Não nos coloquemos como vítimas, mas esforcemo-nos para receber tudo com a devida humildade: tanto o êxito, quanto o malogro; tanto a saúde, quanto a doença.

 


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