02 julho 2008

Sócrates

"A vida sem reflexão não vale a pena ser vivida." (Citado por Platão, em Apologia de Sócrates

Sócrates (470/399 a. C.), filho de Sofronisco (escultor) e de Fenarete (parteira), foi um dos maiores filósofos de toda a história da humanidade. À semelhança de Jesus Cristo, não nos deixou nada escrito. Tudo o que sabemos de Sócrates é através do seu discípulo, Platão. Este, por sua vez, apresentou todas as suas idéias sob a forma de diálogos, pela boca de Sócrates, de sorte que, até hoje, não sabemos exatamente onde acaba o pensamento de Sócrates e onde começa o de Platão.

A vida de Sócrates foi inteiramente dedicada à educação. Era paciente, simples e tinha um perfeito domínio sobre si mesmo. Levantava-se cedo e encaminhava-se à praça pública (Ágora) para iniciar os seus debates esclarecedores. Dissera que tinha abandonado a profissão de escultor, porque, enquanto a sua mãe dava luz à criança, ele daria luz às ideias. Na vida política, participou de três campanhas militares. É considerado o criador do método em Filosofia

Sócrates procura o conceito. Este é alcançado através de perguntas. As perguntas têm um duplo caráter: ironia e maiêutica. Na ironia, confunde o conhecimento sensível e dogmático. Na maiêutica, dá à luz um novo conhecimento, um aprofundamento, sem, contudo, chegar ao conhecimento absoluto. Por exemplo, querendo apreender o conceito de coragem, dirigia-se ao um general, e perguntava-lhe: — você que é general, poderia me dizer o que é a coragem? O general respondia-lhe: — coragem é atacar o inimigo, nunca recuar. Porém, Sócrates contradizia: — às vezes temos que recuar para melhor contra atacar. E a partir daí continuava o debate ampliando o conceito.

As contestações de Sócrates eram sempre inesperadas. Um amigo de Sócrates perguntou ao oráculo de Delfos quem era o homem mais sábio de Atenas. O oráculo respondeu-lhe que era Sócrates. Seu amigo tratou de confundi-lo com a observação do oráculo e repetiu-o diante de muita gente. Sócrates comentou: o oráculo escolheu-me como o mais sábio dos atenienses porque o oráculo sabe que eu sou o único que sabe que não sabe nada.

Sócrates foi condenado à morte por duas razões: não crer nos deuses e corromper a juventude. Os jovens de Atenas seguiam Sócrates e escutavam-no, porque Sócrates ensinava-lhes a pensar por si mesmos, e por este caminho fazia-os chegar a conclusões que poderiam parecer subversivas. Na prisão, discutia a imortalidade da alma, ou seja, a possibilidade de existência de outra vida além desta.

A fama de Sócrates é tal que, passados vinte e cinco séculos, ainda estamos por resolver o problema do conhecimento de nós mesmos.

Fonte de Consulta

COLLINSON, D. Fifty Major Philosophers - A Reference Guide. London and New York, Routledge, 1989

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A pouca informação que temos sobre Sócrates vem de três fontes bem diferentes: o autor de comédias Aristófanes, o comandante militar Xenofonte e o grande filósofo Platão, que foi discípulo de Sócrates. Em sua peça As nuvens, Aristófanes o retrata como um bufão, ao passo que, para Xenofonte, ele era um soldado e um homem de ação. Graças a Platão é que temos conhecimento sobre as ideias filosóficas de Sócrates. Acredita-se que Apologia a Sócrates (discurso de defesa no julgamento de Sócrates), Críton e Fédon sejam as obras que melhor refletem os ensinamentos socráticos.

Para Sócrates, o segredo era levar uma vida virtuosa. Isso incluía resistir às aspirações de fama e de fortuna e nunca, sob nenhuma hipótese, retribuir o mal com o mal.

A infelicidade, para Sócrates, foi que suas provocações constantes em relação às crenças arraigadas acabaram por colocá-lo em conflito com o Estado.

Foi-lhe dada a opção de pagar uma multa em vez de encarar a sentença de morte, mas ele recusou; depois, ofereçam-lhe a chance de escapar da prisão por meio de suborno, o que ele não aceitou. Seu raciocínio era o seguinte: independentemente das consequências, os cidadãos deveriam sempre obedecer às leis do estado. (LEVENE, Lesley. Filosofia para Ocupados: dos Pré-Socráticos aos Tempos Modernos. Tradução de Débora Fleck. Rio de Janeiro: LeYa, 2019)


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