02 julho 2008

Santo Agostinho e a Potencialidade da Alma

Santo Agostinho (354-430) foi um dos maiores pensadores da Patrística e valeu-se da filosofia de Platão. No século V — principalmente em Alexandria — havia a ideia da eternidade da alma, extraída da "Teoria das Formas ou das Ideias", que aparece no Livro VI de A República, de Platão. E estas, segundo o platonismo, traziam a lembrança de uma vida anterior sem o corpo (isso não concorda com o dado de fé). Mas havia também a dúvida filosófica sobre a preexistência das almas. É sobre este último ponto que Evódio, o aluno de Santo Agostinho, pretende obter algum esclarecimento.

Questionado sobre a natureza da alma, Santo Agostinho trata de elaborar o tema através de um encadeamento de perguntas e repostas. Santo Agostinho afirma que alma foi criada por Deus. Ele não sabe dizer de que substância Deus a criou. Sabe, porém, o que ela não é. Ele diz que ela não é material, não tem extensão, não tem profundidade e nem massa. A alma é a parte imaterial do ser humano que preenche todo o corpo, dando-lhe vida e inteligência. Afirma ser algo real, mas não sabe definir esse algo real.

O método socrático agostiniano é demorado. Há uma argumentação lenta e detalhada sobre a alma e a sua ligação com o corpo físico. A demora se justificava porque pretendia que o seu aluno Evódio pudesse absorver profundamente o conhecimento veiculado. Para Santo Agostinho, o melhor método é aquele que obriga o aluno a pensar com a própria cabeça. Por isso, o excessivo rigor para com Evódio. Não perdia nenhuma ocasião de repreendê-lo, pois queria que este estivesse sempre compenetrado de si mesmo.

O diálogo entre o professor Agostinho e o seu aluno Evódio é bastante produtivo, porque Evódio não é uma criança, não é um ser desprovido de conhecimento. Parece trazer conhecimentos de outras vidas, visto que as suas perguntas, pertinazes ao tema, provaram que possui uma estatura moral e intelectual avantajada. Diz-se, inclusive, que quem sabe perguntar é porque já traz dentro de si o que deseja conhecer. Não é um saber que vem de fora. Ele já faz parte do interior da alma. É como uma necessidade em busca da verdade.

Santo Agostinho parte de Deus e conclui que somente Deus é superior a tudo. Por isso, acreditava que só uma coisa poderia atrapalhar a salvação da alma: o pecado. No que tange à alma, propriamente dita, soube explorá-la filosoficamente, colocando-a como algo real, mas que foge a tudo o que conhecemos como matéria. Teve dificuldade de dar uma explicação mais detalhada sobre a matéria. Soube, contudo, explicitar detalhadamente a verdade formal (a define a essência da coisa).

A verdade não é monopólio de ninguém. Santo Agostinho, em suas reflexões filosóficas e religiosas, soube compreender o sentido da alma humana. Sigamos o exemplo do seu método de ensino e aprendizagem.

Fonte de Consulta

AGOSTINHO, Santo. Sobre a Potencialidade da Alma (De Quantitate Animae). Tradução de Aloysio Jansen de Faria. 2.ed., Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2005.

 


Um comentário:

adriana aaa feia disse...

Gosteii bastantee da teoria de S. Agostinhoo Vlw'' me ajudou bastaantee ♥