27 junho 2008

De Copérnico a Descartes

Até o Século XVI, a maneira de pensar que prevalecia na Europa era proveniente das crenças teóricas vindas de Aristóteles e outros gregos antigos, e das crenças doutrinais que derivavam da Bíblia e da Igreja. Os filósofos medievais eram homens de formidáveis raciocínios intelectuais, mas os problemas em que exercitavam suas mentes estavam distantes do mundo real que os rodeava.

A ciência moderna começou com a revolucionária teoria heliocêntrica do astrônomo Nicolau Copérnico (1473-1543). Antes dele, a visão do mundo provinha da teoria de Ptolomeu, que incorporada à doutrina da Igreja, descrevia a Terra como o centro do Universo. Copérnico, ao afirmar a falsidade da teoria de Ptolomeu, indiretamente contrariava a doutrina da Igreja. Esta, sem dúvida, foi a razão pela qual demorou em tornar pública a sua descoberta científica.

Em seguida, surge Francis Bacon (1561-1626), o pai da ciência na Inglaterra. Bacon era um homem extremamente versátil: advogado, estadista, moralista, ensaísta, literário e filósofo. Sua fama não provém de alguma descoberta científica, mas do método que emprestou à ciência e às inspirações dos novos cientistas. A sua contribuição, que hoje nos parece óbvia, diz respeito ao seu empiricismo: observar a natureza, conduzir experimentos e formular leis naturais, através da indução.

Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês, deu continuidade à rebelião contra a filosofia aristotélica da Idade Média. Sendo amigo de Francis Bacon, foi por ele fortemente influenciado, principalmente na observância das leis naturais. Hobbes apenas não aceitou o empiricismo de Bacon, preferindo optar pelas ideias de Galileu que conheceu na Itália. Galileu incutiu-lhe na mente a ambição de construir a ciência do homem natural e da sociedade – ciência que deveria ser a perfeição racional da geometria. Hobbes acreditava que poderia deduzir do conhecimento da natureza, o conhecimento da natureza humana e do conhecimento da natureza humana, o conhecimento das sociedades políticas.

Dentro desse contexto, surge René Descartes (1596-1650), ampliando a ojeriza pelos ensinamentos da escolástica. Em realidade, o plano da sua dialética não era o de descobrir verdades, mas o de descobrir o espírito para a verdade. Sendo assim, o seu método consistia na dúvida metódica, ou seja, começava qualquer raciocínio duvidando de tudo: de Deus, dele próprio e do seu semelhante. Depois, através das várias aproximações do próprio raciocínio, chegava à posse do conhecimento verdadeiro.

Como vemos, as ideias não surgem isoladamente. Elas ampliam-se ao passarem de uma mente para outra. Procuremos, assim, buscar esses elos de ligação para melhor compreendermos a dimensão de nossa evolução cultural e espiritual.

Fonte de Consulta

CAMERON, J. (Editor). Growth of Ideas: Knowledge, Though and Imagination. New York, Doubleday & Company, 1966.


 

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